Livros para o sapatinho | Carlos Fiolhais


- Luísa Costa Gomes, Ilusão (ou o que quiserem), D. Quixote.
 Um romance que retrata um país e um tempo onde a escola parece sem rumo. Veja-se, por exemplo, este trecho em que Jorge trava o seguinte diálogo com a sua mulher, a "sotôra" Teresinha, professora de Português: "O ensino tem de ser centrado no aluno!", ajudei. "Não vês que é exactamente o que estou a fazer?" E disse à Jessica: "Fazes uma composição como se estivesses a escrever mensagens aos teus amigos. Experimenta. E ela aceitou o desafio." A Teresinha estende-me então meia folha, mal rasgada ao meio e muito amarrotada: "k ir ao c kumersial? tou tesa! vi la uma caia bué! bora ao kafe! ta de xuva! Tns money? O kajo tb vai! e ka um pao! k tu! kto custa? k? a caia! cei la! m e pra saber, fdse! tnsmoney? não! atao nao da." "É um princípio", disse eu (...). Depois de uma negociação interessante, comprometeu-se a ler os bilhetes de autocarro e os menus do McDonald. São coisas da vida de todos os dias e afinal nós estamos a educar para a vida." 


Provavelmente, o melhor livro que li este ano. 

Nenhum comentário: