não sei para que lado da noite me hei-de virar | Carlos Alberto Machado

não sei para que lado da noite me hei-de virar
onde esconder de ti o rio de fogo das lágrimas
quase a transbordar e acendo mais um cigarro
e falo atabalhoadamente de um futuro qualquer
e suspiro de alívio porque não ouves o que digo
ou se calhar também não sabes onde te esconderes
esperamos que se ilumine o lado certo da noite
é quando se esgotam as palavras e os silêncios
e a minha mão procura a tua e recebe
e a noite se unifica e todos os rios secam
menos um por onde navegamos
para abolir a noite

Carlos Alberto Machado, Registo Civil

Nenhum comentário: