Ainda a Aparição


8/6/89 
[Aparição] Em primeiro lugar, penso que se trata de um livro muito importante (desculpem) e bem estruturado para o que eu pretendia. – e muito original na sua temática (dêem lá o jeito e nova desculpa). Em segundo lugar, verifico agora melhor como a orientação tem ainda fortes raízes tradicionais (caracteres, encadeamento da história, entremeado de descrições, etc.), embora haja muito já de novo para além da temática (interpelação da personagem, comparações, atropelamento da frase, reflexões inseridas na narrativa, e não sobrepostas, a abstratização, o tom, etc, etc.).

(...) Aparição revela-nos uma bela capacidade ficcional com uma temática que eu persisto em considerar nova em toda a literatura que conheço. Mas revela-me também por vezes uma imaturidade na sensibilidade de quem o escreveu. Mas isso só poderia esclarecer bem, se fosse hoje que escrevesse esse romance. Porque poderia manter tudo (história, personagens, etc.) excepto o modo de estar diante desse todo. 

Ferreira, Vergílio, Conta- Corrente nova-série I , Bertrand , Lisboa, 1993, pg. 209.


“Quando  eu me propus a escrever Aparição, a primeira tentativa – que ainda esbocei foi justamente a de um romance “abstracto” – muito mais que os franceses, porque eu pretendia pôr em jogo  apenas relações de ideias, manchas de personagens como indicativos, etc.” 

 Ferreira, Vergílio, Conta-Corrente nova-série III , Bertrand , Lisboa, 1994,pg. 179.


O conceito de “aparição é muito importante para mim, muito importante porque não tem que ver só com a relação do “eu” consigo mas com a relação do “eu” consigo mas com a revelação de transcendência de qualquer real”.

Ferreira, Vergílio, Conta- Corrente nova-série II , Bertrand , Lisboa, 1993, pg. 115 


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