Géneros da Poesia Trovadoresca

Ai flores, ai flores do verde pino

Lírica Trovadoresca

Ondas do Mar de Vigo

Paralelismo

A Festa, de Miguel Torga

A FESTA


 Tinha cada um o seu sonho para a festa de Santa Eufémia. 
O Nobre, era deslindar umas contas velhas com o Marcolino; a mulher, era pagar a promessa que fizera por causa do ferrujão dos bois; a filha, era passar a noite no arraial, a dançar a cana-verde nos braços do namorado. 
 Por mais duro que fosse o serviço - roçar estrume, saibrar ou arrancar batatas -, bastava a ideia desse dia longínquo para o cansaço se evaporar. 
O Nobre via-se limpo do nome de covardola com que o Marcolino o mimoseara; a Lúcia imaginava-se a dar voltas à capela, acarinhada pela bênção protectora da Santa; a Otília fervia já no calor dum contacto permitido e amado, ao som da música de Torrozelo. 
-Quando vamos à Vila? -perguntava a rapariga dois meses antes, a pensar na saia nova de merino. 
-Tens tempo... -respondia o pai, que também acalentava o desejo inconfessado de uma faixa de cinco voltas.
 Sorrateiramente, faziam os três, pelo ano fora, economias para esse dia, num segredo soma e feliz. O Nobre vendera os bois por dezoito notas, e escamoteara uma da conta; a mulher roubara dois alqueires de centeio da tulha, e passara-os à socapa ao padeiro; a Otília entendeu-se com o comprador do vinho, e surripiou um almude na altura da medição. 
Os projectos ocultos de cada um implicavam despesas extraordinárias, que a economia oficial de casa não poderia consentir. O Nobre queria ter com que pagar de beber à farta aos amigos, diante dos quais se sentia na obrigação de lavar a honra, mas não estava disposto a prestar contas à mulher. 
Esta, por sua vez além da penitência da promessa, tencionava reforçar com uma boa esmola a gratidão à Santa, e não via razão para meter o homem nesses pormenores de fé. A moça prevenia-se para todas as eventualidades. Se o rapaz a brindasse com uma limonada, precisava ela de lhe oferecer pelo menos uma cerveja. Amor com amor se paga... 
De resto, no capítulo de teres e haveres, cada qual sabia intimamente que nenhum dos outros estava descalço, à espera do cão que manqueja. Mas, por defesa própria, fechavam os olhos à suspeitosa fonte dos proventos alheios. Era um jogo infantil, que a família inteira jogava harmoniosamente. E foi assim, de bolsa confortada e vestidos de novo ou de lavado, que os três se meteram a caminho da serra, na véspera da romaria. A ermida de Santa Eufémia fica no alto de um descampado de fragões, e à sombra de meia dúzia de castanheiros da idade do mundo é que se lhe faz a festa. 
Gente de todas as castas, cabritos assados de quantos rebanhos pastam nas redondezas, vinho de Guiães e de Abaças, trigo de Favaios, doceiras da Magalhã e de Sabrosa, andores armados por quatro freguesias, duas músicas, sete padres, pregador de Murça – o divino e o profano dão ali as mãos, num amplo entendimento. 
O céu desce um pouco, a montanha sobe mais, e ninguém sabe ao certo a que reino pertence. Com a cuba do estômago cheia e a imagem da Santa espetada na fita do chapéu, um homem sente-se capaz de tudo: de matar o semelhante e de comungar. Ouve-se um padre-nosso e uma saraivada de asneiras ao mesmo tempo. E apaga-se naturalmente do espírito a estrema que separa o mundo real do irreal. Só quem vem de peito feito para cumprir à risca a devoção que o traz, seja ela qual for, consegue encontrar pé num tal mar de contradições. 
Ora, justamente, o Nobre, a mulher e a filha faziam parte desse restrito número de romeiros. Traziam um programa definido no pensamento, e nenhuma solicitação, por mais sedutora, os faria mudar de propósito.
 - Bem, vou à minha vida... -anunciou a Lúcia logo depois da merenda, a arranjar liberdade. 
Era muito devota de Santa Eufémia, e gostava de lhe abrir o coração com vagar, a sós, numa intimidade lá dela. 
- Eu também quero falar aí com umas pessoas... -preveniu o homem, que não se confessava em matéria de zaragatas. 
- Fico então sozinha... - disse a rapariga, a fingir solidão. 
- O que vale é que sempre hei-de encontrar alguém da nossa terra... 
- Diverte-te, mas tem juízo... -avisou a mãe. 
- Não se aflija, que ninguém me come! 
Partiu cada qual para seu lado, o Nobre em direcção às pipas de vinho, a mulher direita como um tiro à capela, e a filha em sentido oposto às rixas do pai e ao beatério da mãe. 
- Ora viva! - saudou-a daí a nada o Leonel, antes de ela lhe pôr os olhos. 
- Ai, és tu?!… Até tive medo... Estavam aprazados para um bailado sem fim, e ainda não tinham acabado os cumprimentos rodopiavam já nos braços um do outro. 
– Sejas bem aparecido! - cumprimentou chibante o Marcolino, maI o Nobre se aproximou, todo ancho, de faixa nova, corrente de prata ao peito e calças de boca de sino. - Olé!... Só a Santa é que não disse nada à devota. Olhou-a do altar com os olhos vidrados, e assim se ficou enquanto a Lúcia lhe desfiava salve-rainhas aos pés. 
Entretanto anoitecera, e o arraial abria na escuridão da serra uma clareira luminosa, intensa de vida e de paixão. As músicas desafiavam-se o mais rumorosamente que podiam, os foguetes estoiravam no ar como bombas de dinamite, os pares levantavam nuvens de pó, havia mocadas aqui e além, e nas barracas comia-se, bebia-se e jogava-se a vermelhinha.
- Vamos até ali... -convidou, implorativo, o Leonel, perdido pela namorada. 
- Ali, aonde? - perguntou ela, sem esforços para resistir. 
-Ali adiante... 
- Malandro, que mas hás-de pagar todas hoje! -gritava o Nobre de lódão no ar. 
- Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores... 
Ninguém tinha tempo para cuidar dos outros. Cada um tratava de si, dos seus amores, da sua fé, dos seus ódios. À medida que as horas avançavam, os menos resistentes iam cedendo às leis do sono e do cansaço. Qualquer sítio lhes servia de cama. E às tantas, dentro da capela e no adro, o chão era uma estrumeira de corpos, adormecidos numa promiscuidade de animais. Crianças ressonavam de boca aberta, velhas descompostas, escancaradas, mostravam as pernas secas e varicosas, e roliços braços de raparigas reluziam inertes à luz dos foguetes. Ao lado de cada um, o cesto do farnel, o varapau ou a cana de morteiro, guardada como um troféu. -Oh! meu Deus da minha alma, que há-de ser de mim?!... -gemia a Otília. -Agora já ele sabe quem é covarde!... - farroncava o Nobre. -Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida e doçura... -orava a Lúcia. O calor das fragas e da terra, que o sol cozera todo o dia, mantinha a saturnal num mormaço de febre. A lamentar o mau passo, a blasonar, ou a erguer um hino de glorificação, as almas tinham a mesma força e o mesmo dom de entrega, embora qualquer coisa -a escuridão talvez -roubasse a cada acto a paz da plenitude. -Juro... - prometia frouxamente o Leonel, reticente, a dizer que casava. - Chegaste para ele, não há dúvida... - concediam os amigos do Nobre, depois da refrega, num dúbio reconhecimento da bravura com que se houvera. - Amen... -ouviu a Lúcia dos próprios lábios, a sentir na alma o vazio do rendeiro que pagou a renda. O contrato era de se encontrarem no fim do arraial, pela madrugada, para darem ao dente e beberem mais uma pinga. E realmente, mal a última girândoIa subiu ao ar e morreu em fumo no céu, lá estavam todos no sítio combinado, exaustos, de olhos vermelhos da poeira e do sono, cada qual com as contas do seu rosário passadas. Acordada pela luz da manhã que rompia calma e diáfana, a serra mostrava os largos horizontes varridos, e amortecia nas consciências a confusa exaltação que a noite permitira. As rodas de fogo-de-artifício, que a multidão vira rodopiar num frenesim de loucura, eram agora a imagem desoladora do transitório, tortas e desmanteladas nos eixos; vómitos de vinho, ossos descarnados, excrementos e cascas de melancia testemunhavam a íntima e triste miséria da vida; e pobres pedintes, andrajosos e aleijados, punham termo ao interregno das lamúrias, e mostravam novamente as chagas cobertas de moscas. Uma dormência lassa quebrava o corpo, a vontade, a fé e a própria esperança. Nas caras sanguíneas dos que tinham palmilhado léguas para chegar ali, havia uma palidez de desilusão, de inconfessado e dorido arrependimento. 
- Foi bonito... -disse, contudo, a rapariga, a disfarçar o desencanto. 
- Foi -respondeu o pai, com secura. 
- Mas parece que gostei mais do que no ano passado... -arriscou a mãe, a sangrar dos joelhos. 
-Vamos a ver logo, que tal a procissão... Defendiam-se como podiam da luz crua da realidade. 

Mas já nenhuma esperança sincera os amparava. O Nobre dera mas recebera, e duas lombeiradas do Marcolino tiravam-lhe o contentamento da desforra. Ou tinha uma costela partida, ou grossa avaria dentro da caixa do peito. 
A Lúcia, de contas saldadas, e com as rótulas à mostra da areia grossa do chão, sentia-se rarefeita como um fole espremido. 
A rapariga, essa reduzia tudo à sua honra perdida atrás de uma fraga que nem saberia agora identificar. Mas iam todos encher a barriga, dormir, e arranjar novas forças para continuarem a gozar pelo dia fora aquela festa a Santa Eufémia, pela qual tinham suspirado tanto o ano inteiro. 

Miguel Torga, Novos Contos da Montanha

Mulheres e revolução

ELAS, MARIA VELHO DA COSTA

 1. RECONSTITUIÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO

 Elas são quatro milhões, o dia nasce, elas acendem o lume. Elas cortam o pão e aquecem o café. Elas picam cebolas e descascam batatas. Elas migam sêmeas e restos de comida azeda. Elas chamam ainda escuro os homens e os animais e as crianças. Elas enchem lancheiras e tarros e pastas de escola com latas e buchas e fruta embrulhada num pano limpo. Elas lavam os lençóis e as camisas que hão-de suar-se outra vez. Elas esfregam o chão de joelhos com escova de piaçaba e sabão amarelo e correm com os insectos a que não venham adoecer os seus enquanto dormem. Elas brigam nos mercados e praças por mais barato. Elas contam centavos. Elas costuram e enfiam malhas em agulhas de pau com as lãs que hão-de manter no corpo o calor da comida que elas fazem. Elas vêm com um cântaro de água à cinta e um molho de gravetos na cabeça. Elas limpam as pias e as tinas e as coelheiras e os currais. Elas acendem o lume. Elas migam hortaliça. Elas desencardem o fundo dos tachos. Elas passajam meias e calças e camisas e outra vez meias. Elas areiam o fogão com palha de aço. Elas calcorreiam a cidade a pé e à chuva porque naquele bairro os macacos são caros. Elas correm esbaforidas para não perder o comboio, o barco. Elas pousam o cesto e abrem a porta com a mão vermelha. Elas põem a tranca no palheiro. Elas enterram o dedo mínimo na galinha a ver se tem ovo. Elas acendem o lume. Elas mexem o arroz com um garfo de zinco. Elas lambem a ponta do fio de linha para virar a camisa. Elas enchem os pratos. Elas pousam o alguidar na borda da pia para aguentar. Elas arredam a coberta da cama. Elas abrem-se para um homem cansado. Elas também dormem.

 2. REPRODUÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO

 Elas vão à parteira que lhes diz que já vai adiantado. Elas alargam o cós das saias. Elas choram a vomitar na pia. Elas limpam a pia. Elas talham cueiros. Elas passam fitilhos de seda no melhor babeiro. Elas andam descalças que os pés já não cabem no calçado. Elas urram. Elas untam o mamilo gretado com um dedal de manteiga. Elas cantam baixinho a meio da noite a niná-los para que o homem não acorde. Elas raspam as fezes das fraldas com uma colher romba. Elas lavam. Elas carregam ao colo. Elas tiram o peito para fora debaixo de um sobreiro. Elas apuram o ouvido no escuro para ver se a gaiata na cama ao lado com os irmãos não dá por aquilo. Elas assoam. Elas lavam joelhos com água morna. Elas cortam calções e bibes de riscado. Elas mordem os beiços e torcem as mãos, a jorna perdida se o febrão não desce. Elas lavam os lençóis com urina. Elas abrem a risca do cabelo, elas entrelaçam. Elas compram a lousa e o lápis e a pasta de cartão. Elas limpam rabos. Elas guardam uma madeixita entre dois trapos de gaze. Elas talham um vestido de fioco para uma boneca de papelão escondida debaixo da cama. Elas lavam as cuecas borradas do primeiro sémen, do primeiro salário, da recruta. Elas pedem fiado popeline da melhor para a camisa que hão-de levar para a França, para Lisboa. Elas vêm trazer um borrego à primeira barraca e ao primeiro neto. Elas poupam no eléctrico para um carrinho de corda.

3. PRODUÇÃO

 Elas sobem para cima de um caixote, que ainda são pequenas para chegar à bancada de descamar o peixe. Elas mondam, os dedos tolhidos de frieira e urtiga. Elas fazem descer a lâmina de cortar o coiro. Elas sopram nos dedos a aquecê-los, esfregam os olhos, voltam a pôr as mãos por detrás da lente a acertar os fios da matriz do transístor. Elas espremem as tetas da vaca para o balde apertado entre as pernas. Elas fecham num dia as pregas de papel de mil pacotes de bolacha. Elas acertam em duzentos casacos a postura da manga onde cravar o botão. Elas limpam o suor da testa com a manga e a foice rebrilha ao sol por cima da cabeça e da seara. Elas ouvem a matraca de dez teares enquanto a peça cresce diante, o fio amandado de braço a braço aberto. Elas cortam os dedos nas primeiras vinte cinco latas até calejar bem. Elas fazem a agulha passar para cá e lá em cruz na tela do tapete. Elas vigiam a última fileira de garrafas, caladas, à espera da sirene. Elas carregam o cesto de azeitona à cabeça já sem cantar, até que o sol se ponha.

 4. SERVIÇOS

 Elas carregam no botão da caixa e fazem quinhentos trocos miúdos. Elas metem a cavilha, dizem outro número e passam a vigésima chamada. Elas mexem panelões que lhes chegam à cinta. Elas descem doze caixotes de lixo já noite fechada. Elas fazem todas as camas e despejos de uma família alheia. Elas picam bilhetes metidas numa caixa de vidro. Elas batem à máquina palavras que não entendem. Elas arquivam por ordem alfabética duas mil fichas e vinte e cinco ofícios. Elas vão outra vez buscar a gaveta das luvas para o balcão a ver se há aquele verde. Elas aspiram do pó antes das nove doze assoalhadas e cento e dez degraus de alcatifa. Elas entram na praça manhã cedo, já vindas da lota ajoujadas com o peixe para as bancadas. Elas acertam as bainhas de joelhos, a boca cheia de alfinetes. Elas põem trinta e duas arrastadeiras e tiram sessenta temperaturas. Elas pintam unhas de homem. Elas guardam sanitas e fazem renda em pequenos cubículos sem janela.


 5. TRANSMISSÃO DE IDEOLOGIA

 Coisas que elas dizem:
 - Se mexes aí, corto-ta.
 - Isso não são coisas de menina.
- O meu homem não quer.
- Estuda, que se tiveres um empregozinho sempre é uma ajuda.
- A mulher quer-se é em casa.
- Isto já vai do destino de cada um.
 - Deus não quis.
- Mas o senhor padre disse-me que assim não.
- Dá um beijinho à senhora que é tão boazinha para a gente.
- Você sabe que eu não sou dessas.
- Estás a dar cabo do teu futuro com uns e com outros.
- Deixa-te disso, o que é preciso é sossego e paz de espírito.
- Comprei uns jeans bestiais, pá.
 - Sempre dá para uma televisão daquelas novas.
 - Cada um no seu lugar.
- Julgas que ele depois casa contigo?
- Sempre há-de haver pobres e ricos.
- Se tu gostasses de mim não andavas com aquela cabra a gastar o nosso.
 - Põe o comer ao teu irmão que está a fazer os trabalhos.
 - Sempre é homem.

6. PRODUÇÃO DE DESEJO Elas olham para o espelho muito tempo. Elas choram. Elas suspiram por um rapaz aloirado, por duas travessas para o cabelo cravejadas de pedrinhas, um anel com pérola. Elas limpam com algodão húmido as dobras da vagina da menina pensando, coitadinha. Elas escondem os panos sujos de sangue carregadas de uma grande tristeza sem razão. Elas sonham três noites a fio com um homem que só viram de relance à porta do café. Elas trazem no saco das compras uma pequena caixa de plástico que serve para pintar a borda dos olhos de azul. Elas inventam histórias de comadres como quem aventura. Elas compram às escondidas cadernos de romances em fotografias. Elas namoram muito. Elas namoram pouco. Elas não dormem a pensar em pequenas cortinas com folhos. Elas arrancam os primeiros cabelos brancos com uma pinça comprada na drogaria. Elas gritam a despropósito e agarram-se aos filhos acabados de sovar. Elas andam na vida sem a mãe saber, por mais três vestidos e um par de botas. Elas pagam a letra da moto ao que lhes bate. Elas não falam dessas coisas. Elas chamam de noite nomes que não vêm. Elas ficam absortas com a mola da roupa entre os dentes a olhar o gato sentado no telhado entre as sardinheiras. Elas queriam outra coisa. 7. REVOLUÇÃO Elas fizeram greves de braços caídos. Elas brigaram em casa para ir ao sindicato e à junta. Elas gritaram à vizinha que era fascista. Elas souberam dizer salário igual e creches e cantinas. Elas vieram para a rua de encarnado. Elas foram pedir para ali uma estrada de alcatrão e canos de água. Elas gritaram muito. Elas encheram as ruas de cravos. Elas disseram à mãe e à sogra que isso era dantes. Elas trouxeram alento e sopa aos quartéis e à rua. Elas foram para as portas de armas com os filhos ao colo. Elas ouviram falar de uma grande mudança que ia entrar pelas casas. Elas choraram no cais agarradas aos filhos que vinham da guerra. Elas choraram de ver o pai a guerrear com o filho. Elas tiveram medo e foram e não foram. Elas aprenderam a mexer nos livros de contas e nas alfaias das herdades abandonadas. Elas dobraram em quatro um papel que levava dentro uma cruzinha laboriosa. Elas sentaram-se a falar à roda de uma mesa a ver como podia ser sem os patrões. Elas levantaram o braço nas grandes assembleias. Elas costuraram bandeiras e bordaram a fio amarelo pequenas foices e martelos. Elas disseram à mãe, segure-me aqui nos cachopos, senhora, que a gente vai de camioneta a Lisboa dizer-lhes como é. Elas vieram dos arrabaldes com o fogão à cabeça ocupar uma parte de casa fechada. Elas estenderam roupas a cantar, com as armas que temos na mão. Elas diziam tu às pessoas com estudos e aos outros homens. Elas iam e não sabiam para aonde, mas que iam. Elas acendem o lume. Elas cortam o pão e aquecem o café esfriado. São elas que acordam pela manhã as bestas, os homens e as crianças adormecidas. Dezembro de 1975

 in CRAVO, MARIA VELHO DA COSTA, MORAES EDITORES, 1976

SUBSÍDIOS PARA A BIOGRAFIA DE ANTÓNIO LOBO ANTUNES

SUBSÍDIOS PARA A BIOGRAFIA DE ANTÓNIO LOBO ANTUNES,
de ANTÓNIO LOBO ANTUNES

Julgo que herdei do meu avô o gosto de me sentar calado, a olhar. Ele fazia-o no jardim. Como não tenho jardim faço-o em casa, nos bancos da rua, nos parques, nos centros comerciais. Durante a Faculdade, mal acabava a aula na morgue, descia à avenida da Liberdade e, nádega para a direita, nádega para a esquerda, conquistava um espacinho de tábuas entre dois reformados. Os reformados falam pouco e eu também. Só me faltava a pantufa do pé direito, o cigarro de mortalha e a bengala. Normalmente era o último a ir-me embora. De bata nos joelhos via a cidade iluminar-se. Os pombos emigravam para o telhado do anúncio Sande-ma, um homem de chapéu e capa, com um cálice de vinho do Porto. Na minha opinião, adquirida pelos cinco ou seis anos de idade, nunca existiu nada mais bonito. Gostava de Mandrake porque se parecia com ele: “Mandrake fez um gesto mágico e...”. Ao erguer o cálice o anúncio Sandeman fazia um gesto mágico e a noite aparecia. Este milagre quotidiano continua a encantar-me. Além disso havia as frontarias dos cinemas e as lâmpadas a correrem à volta dos nomes dos atores: Esther Williams, Joan Fontaine, Lana Turner. Concebi por Lana Turner uma paixão absoluta, exclusiva. Em momentos de desânimo quase penso que me não retribuiu. Mas o desânimo, claro, é passageiro, e o cabelo platinado, as sobrancelhas evasivas desenhadas a lápis, em semicírculos perfeitos, os vertiginosos decotes de cetim, o baton escarlate, tudo me garante um amor eterno, eternamente partilhado. A filha matou o gangster Johnny Stompanato, seu suposto amigo
(nunca o amante, o amante era eu)
e ainda hoje lhe estou grato por isso. Usou a faca da cozinha onde Lana Turner, aposto, fazia salsichas com couve lombarda, o meu almoço favorito, a pensar em mim. Também não me agradava que beijasse os outros nos filmes. Mas talvez fosse melhor dessa maneira porque, se chegasse a casa com baton e me desculpasse à minha mãe
- Foi a Lana Turner, anda perdida aqui pelo rapaz
receio que ela não levasse em gosto a hipótese,
qual hipótese, a certeza
de o filho de onze anos casar com uma divorciada, porque isso afastava a cerimónia da igreja e nós éramos católicos.
O argumento
- Uma divorciada, filho
abalava-me. Tentei discutir o assunto com Lana Turner, ela no écran e eu no segundo balcão
- A minha mãe vai pôr problemas por a senhora ser divorciada
um espetador, três filas adiante, mandou-me calar, mas percebi que enquanto Jeff Chandler a abraçava Lana Turner disse que não com  a cabeça antes de cerrar as pestanas compridíssimas
(não com deleite, por ofício apenas, quem era Jeff Chandler, de cabelos brancos, ao pé de mim, em calções?)
assegurar-me que ela mesma falaria lá em casa da inevitabilidade do nosso matrimónio enquanto Nat King Cole, cantando, em fundo,. Imitação da Vida, dissolvia as últimas resistências de uma educadora preocupada sem motivo. Aliás tentei uma conversa exploratória aproximei-me com desenvoltura do tricot, toquei-lhe no braço, a minha mãe deixou de contar as malhas
- O que foi?
anunciei num tonzinho casual
- Acho que Lana Turner e eu estamos noivos.
a minha mãe voltou a contar as malhas, setenta e seis, setenta e sete, setenta e oito
- Ai sim?
prova de que aceitava o facto sem discutir, virei para o meu quarto, anunciei à minha noiva, de casaco de peles num cartaz da parede
- Já está
e oficializei o compromisso com um anel de alumínio que me saiu na prenda do bolo-rei. Devo acrescentar que foi uma união feliz, sem manchas, até encontrar Anne Baxter, aos doze anos, n' Os Dez Mandamentos, mulher de Yul Brynner, o Faraó, e apaixonada por Moisés-Charlton Heston. Afastei Yul Brynner e Charlton Heston com um piparote e esqueci Lana Turner. Não terá sido bonito porém a alma humana é impiedosa. Temi a reação da minha mãe, que morava há séculos com o meu pai e presumi conservadora. Expliquei-lhe o assunto a medo, tocando no braço do tricot. Felizmente ela, criatura evoluída, limitou-se a perguntar
- Ai sim?
a acrescentar
- Se não paras com essa vida de playboy engano-se no pulôver e a distrair-me de mim. Virei para o quarto, participei a Anne Baxter, pregada com quatro tachas à parede, no ex-lugar de Lana Turner
-Já está
Yul Brynner e Charlton Heston, bons perdedores, aceitaram resignadamente o facto, reparei inclusive que Yul Brynner a beijava com menos intensidade no filme.
a vida é assim, não vale a pena contraira sentimentos

com Charles  Heston  não me preocupei por aí além dado falece diante da Terra Prometida e, Anne Baxter e eu só nos separámos em Eva, quando compreendi a horrível maldade do seu carácter, ao fazer sofrer Betty Davis que se parecia com a minha avó. Em desespero de causa tentei voltar para Lana Turner que desaparecera dos cinemas com o desgosto que lhe dei. Se a encontrarem digam que estou arrependidíssimo e que peço desculpa. Digam também que telefone para casa dos meus pais. Deve estar por lá um miúdo de anel de bolo-rei no dedo que recebe a chamada.

Lírica trovadoresca - base de dados



No site http://cantigas.fcsh.unl.pt/  tens uma base de dados com a totalidade das cantigas medievais presentes nos cancioneiros galego-portugueses, as respetivas imagens dos manuscritos e ainda a música (quer a medieval, quer as versões ou composições originais contemporâneas que tomam como ponto de partida os textos das cantigas medievais). A base inclui ainda informação sucinta sobre todos os autores nela incluídos, sobre as personagens e lugares referidos nas cantigas, bem como a “Arte de Trovar”, o pequeno tratado de poética trovadoresca que abre o Cancioneiro da Biblioteca Nacional.
O texto editado das cantigas dá ainda acesso a um conjunto de informações destinadas a facilitar quer a sua leitura, quer o seu enquadramento histórico (glossário, notas explicativas de versos, toponímia, antroponímia, notas gerais). E fornece igualmente informação de base sobre alguns dos seus aspetos formais. Em cada cantiga, o texto editado pode ainda ser confrontado com o texto manuscrito que transcreve, disponibilizando a base igualmente um conjunto de notas justificativas das leituras proposta (notas de leitura).



"Sedia-m'eu na ermida de San Simion"


Lírica trovadoresca - sistematização


Formação de Palavras (II)

Formação de palavras

Autorretrato

Autorretratos poéticos


Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno:

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento
E somente no altar amando os frades;

Eis Bocage, em que luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.
                                    Bocage
AUTORRETRATO

O'Neill( Alexandre ), moreno português,
cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
( omita-se o olho triste e a testa iluminada )
o retrato moral também tem os seus quês
( aqui uma pequena frase censurada...).
No amor? No amor crê ( ou não fosse ele O'Neill )
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito ) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.

Mas sofre de ternura, bebe demais e ri-se
do que neste soneto sobre si mesmo disse...

                             Alexandre O'Neill


Retrato Talvez Saudoso da Menina Insular

Tinha o tamanho da praia
o corpo era de areia.
E ele próprio era o início
do mar que o continuava.

Destino de água salgada
principiado na veia.
E quando as mãos se estenderam
a todo o seu comprimento

e quando os olhos desceram
a toda a sua fundura
teve o sinal que anuncia
o sonho da criatura.

Largou o sonho nos barcos
que dos seus dedos partiam
que dos seus dedos paisagens
países antecediam.

E quando o seu corpo se ergueu
Voltado para o desengano
só ficou tranqüilidade
na linha daquele além.
Guardada na claridade
do olhar

Natália Correia



Autorretrato

Este que vês, de cores desprovido,
o meu retrato sem primores é
e dos falsos temores já despido
em sua luz oculta põe a fé.
Do oculto sentido dolorido,
este que vês, lúcido espelho é
e do passado o grito reduzido,
o estrago oculto pela mão da fé.
Oculto nele e nele convertido
do tempo ido escusa o cruel trato,
que o tempo em tudo apaga o sentido;
E do meu sonho transformado em ato,
do engano do mundo já despido,
este que vês, é o meu retrato.
Ana Hatherly

Autorretrato

Poeta é certo mas de cetineta
fulgurante de mais para alguns olhos
bom artesão na arte da proveta
narciso de lombardas e repolhos.

Cozido à portuguesa mais as carnes
suculentas da autoimportância
com toicinho e talento ambas partes
do meu caldo entornado na infância.

Nos olhos uma folha de hortelã
que é verde como a esperança que amanhã
amanheça de vez a desventura.

Poeta de combate disparate
palavrão de machão no escaparate
porém morrendo aos poucos de ternura.


Ary dos Santos

Terras de Portugal, Miguel Esteves Cardoso


"Um dos grandes problemas da nossa sociedade é o trauma da morada. Por exemplo. Há uns anos, um grande amigo meu, que morava em Sete Rios, comprou um andar em Carnaxide. Fica pertíssimo de Lisboa, é agradável, tem árvores e cafés. Só tinha um problema. Era em Carnaxide. Nunca mais ninguém o viu.

Para quem vive em Lisboa, tinha emigrado para a Mauritânia! Acontece o mesmo com todos os sítios acabados em -ide, como Carnide e Moscavide. Rimam com Tide e com Pide e as pessoas não lhes ligam pevide. Um palácio com
sessenta quartos em Carnide é sempre mais traumático do que umas
águas-furtadas em Cascais. É a injustiça do endereço. Está-se numa festa e as pessoas perguntam, por boa educação ou por curiosidade, onde é que vivemos. O tamanho e a arquitectura da casa não interessam. Mas morre
imediatamente quem disser que mora em Massamá, Brandoa, Cumeada,
Agualva-Cacém, Abuxarda, Alfornelos, Murtosa, Angeja, Ranholas? ou em qualquer outro sítio que soe à toponímia de Angola. Para não falar na Cova da Piedade, na Coina, no Fogueteiro e na Cruz de Pau. (...) Ao ler os nomes de alguns sítios ? Penedo, Magoito, Porrais, Venda das Raparigas, compreende-se porque é que Portugal não está preparado para entrar na CEE.

De facto, com sítios chamados Finca Joelhos (concelho de Avis) e Deixa o Resto (Santiago do Cacém), como é que a Europa nos vai querer integrar?
Compreende-se logo que o trauma de viver na Damaia ou na Reboleira não é nada comparado com certos nomes portugueses. Imagine-se o impacte de dizer "Eu sou da Margalha" (Gavião) no meio de um jantar. Veja-se a cena num chá dançante em que um rapaz pergunta delicadamente "E a menina de onde é?", e a menina diz: "Eu sou da Fonte da Rata" (Espinho).
E suponhamos que, para aliviar, o senhor prossiga, perguntando "E onde mora, presentemente?", só para ouvir dizer que a senhora habita na Herdade da Chouriça (Estremoz).

É terrível. O que não será o choque psicológico da criança que acorda, logo depois do parto, para verificar que acaba de nascer na localidade de Vergão Fundeiro? Vergão Fundeiro, que fica no concelho de Proença-a-Nova, parece o nome de uma versão transmontana do Garganta Funda. Aliás, que se pode dizer de um país que conta não com uma Vergadela (em Braga), mas com duas, contando com a Vergadela de Santo Tirso? Será ou não exagerado relatar a existência, no concelho de Arouca, de uma Vergadelas? É evidente, na nossa cultura, que existe o trauma da "terra". Ninguém é do Porto ou de Lisboa.

Toda a gente é de outra terra qualquer. Geralmente, como veremos, a nossa terra tem um nome profundamente embaraçante, daqueles que fazem apetecer mentir. Qualquer bilhete de identidade fica comprometido pela indicação de naturalidade que reze Fonte do Bebe e Vai-te (Oliveira do bairro). É absolutamente impossível explicar este acidente da natureza a amigos estrangeiros ("I am from the Fountain of Drink and GoAway...").

Apresente-se no aeroporto com o cartão de desembarque a denunciá-lo como sendo originário de Filha Boa. Verá que não é bem atendido.(...) Não há limites. Há até um lugar chamado ******, no concelho de Ponte de Lima.
Urge proceder à renomeação de todos estes apeadeiros. Há que dar-lhes nomes civilizados e europeus, ou então parecidos com os nomes dos restaurantes giraços, tipo Não Sei, A Mousse é Caseira, ou Vai Mais um Rissól.(...) Também deve ser difícil arranjar outro país onde se possa fazer um percurso que vá da Fome Aguda à Carne Assada (Sintra) passando pelo Corte Pão e Água (Mértola), sem passar por Poriço (Vila Verde), e acabando a comprar rebuçados em Bombom do "Bogadouro"¹, (Amarante), depois de ter parado parafazer um chi-chi em Alçaperna (Lousã).


¹ - Bogadouro é o Mogadouro quando se está constipado!!!"

(Miguel Esteves Cardoso)

Os nossos ambíguos, Miguel Esteves Cardoso



Não foi o Facebook que fez pouco da palavra "amigo". Apenas prolonga um antigo abandalhamento, em que amigo passou de amor, como nas canções de amigo medievais, para o amor da amizade e, nos últimos cinquenta anos, para amante ocasional e, pior ainda, conhecido.

Embora um "amigo" no Facebook possa ser ainda menos conhecido do que um conhecido - até porque pode ser um desconhecido e até um inimigo -, faz falta uma palavra para quem não se conhece mas de quem se pode, em princípio, ser "amigo" e que posta coisas das quais, em princípio, se "gosta". Num tempo em que se pode ter centenas de amigos, incluindo dezenas de conhecidos e uma mão-cheia de amigos, sem se saber quem é que realmente gosta ou pode vir a gostar de nós - e sabendo que a maior parte nem gosta nem desgosta, porque se está nas tintas -, há que introduzir a categoria dos ambíguos.

Os ambíguos não são nem amigos nem inimigos. Podem ser uma ou outra coisa - ou nem uma coisa nem outra. Dessas pessoas devo poder dizer, com margem para dúvidas, que "é meu ambíguo". No Facebook ou numa estranha reunião em carne viva em que nos encontremos, seria bom poder dizer que "aqui, somos todos ambíguos". E, caso fôssemos, para nosso mal, demasiado francos, como quem fala com um amigo, alguém avisaria que "tem calma, que estás entre ambíguos".

"És meu ambíguo?" é mais afectuoso, realista e utilmente paranóico do que perguntar se o desconhecido ou conhecido visado é amigo ou não. Miguel Esteves Cardoso, in Publico.

Autobiografia sumária de Adília Lopes

Autobiografia sumária de Adília Lopes
Os meus gatos
gostam de brincar
com as minhas baratas.

Adília Lopes


Pastiches do 10.ºB

Os acordes que faço
Surgem nas cordas 
Da minha guitarra.
                           Ana Sofia

A sociedade
É tão incompreensível
Como a minha mente.
                       Ariana Ferreira

Os meus livros
Dizem por mim
O que preciso contar ao mundo.
                        Ariana Sanches

Os meus livros 
eram as palavras 
que me faltavam.
                        Ariana Sanches

Eu gosto muito de música
Apesar de não querer ser artista
A música faz parte da vida
Beatriz
A minha vida
Numa palavra
É muito mexida, é a dança.
                         Bruna Rocha

Além de ouvir música
Gosto de ver televisão
E dormir.
                            Débora

As músicas 
Que eu ouço
Fazem-me sentir feliz.
                            Inês 

Eu gosto de
Estar na minha cama 
a ver TV e a dormir.
                              Jéssica

Visto-me de preto 
Combinando
Com a imagem da minha alma inexistente.
                                  Andreia

Eu gosto muito de ver séries,
Porque sempre que estou triste
Elas metem-me em modo fantasia.
                                  Márcia Silva

Cada viagem de autocarro
Uma deslocação aos 
Pensamentos mais tortuosos.
                                Márcia Dantas

Eu gosto de música
Mas obviamente
Nem todo o tipo de 
música me agrada.
                            Maria 

A minha gata gosta 
de brincar 
com o meu cabelo.
                            Marta

No cinema 
sinto-me feliz.
                            Marta

Escondido entre os meus passos
Vejo o meu passado
A correr sobre os meus traços
                                       Pedro Cardoso

10x10

A EBS do Cerco, o TNSJ e a Fundação Calouste Gulbenkian vão embarcar na 3.ª edição do projeto 10x10, uma iniciativa a que adere também A Oficina (Guimarães) e que promove a colaboração entre artistas e professores do ensino secundário, com o objetivo de desenvolver estratégias de aprendizagem eficazes na captação de atenção, motivação e envolvimento dos alunos em sala de aula. 10 artistas x 10 professores – seis duplas em Lisboa, duas no Porto e duas outras em Guimarães – trabalham em conjunto com turmas de alunos do 10.º ano do ensino regular, estimulando a interação das perspetivas, dos saberes e da criatividade de cada um. Em julho, professores e artistas participaram numa residência artística na Fundação Calouste Gulbenkian; entre setembro e dezembro, as duplas de artistas/professores trabalham com os alunos, partindo das matérias curriculares; mais adiante, entre janeiro e fevereiro, promovem-se aulas públicas, ocasião para apresentar os resultados do processo de trabalho e partilhar experiências. No Porto, dois artistas – a coreógrafa e bailarina Elisabete Magalhães e o ator e encenador Nuno M Cardoso – trabalham com as professoras Paula Cruz (Português) e Sandra Santos (Matemática) e com alunos da Escola Básica e Secundária do Cerco.
Para conhecer mais sobre este projeto clicar aqui.