Uma arquitecta de culto vai projectar o pólo de Serralves em Matosinhos: Kazuyo Sejima

zollverein school of design, essen, germany (2003 - construction began 2005).by SANAA.



O júri do concurso internacional deu o primeiro lugar à firma japonesa que projectou o New Museum de Nova Iorque e a loja Christian Dior de Tóquio
É raro um edifício inspirar tanta confiança no futuro, escreveu o New York Times em Janeiro de 2006, quando se soube como ia ser, por dentro e por fora, o projecto de Kazuyo Sejima para o New Museum of Contemporary Art de Nova Iorque. Ainda não sabemos como vai ser, por dentro e por fora, o projecto de Kazuyo Sejima para o Edifício Multifuncional que a Fundação de Serralves vai construir num lote dos antigos terrenos da Efanor, em Matosinhos.
Mas foi nele que o júri do concurso internacional aberto em Maio de 2007 mais confiou: a proposta da Sanaa (Sejima and Nishizawa and Associates) ficou em primeiro lugar, à frente de concorrentes como os franceses Lacaton e Vassal, o britânico David Chipperfield, a dupla Matthias Sauerbruch/Louisa Hutton, o português Eduardo Souto Moura e o atelier suíço Degelo Architekten. A decisão foi comunicada anteontem ao conselho de administração.
O pólo que a Fundação de Serralves pretende abrir até 2010 vai acumular as funções de depósito de obras de arte - respondendo à necessidade que o Museu de Arte Contemporânea de Serralves tem actualmente de ampliar o espaço de guardaria -, oficina de conservação de referência e centro de exposições. Faz parte do programa, que prevê ainda um núcleo de indústrias criativas e um espaço destinado à preservação da memória da Efanor e da indústria têxtil.
Também faz parte do programa que o novo edifício "
constitua um marco da arquitectura contemporânea". Os projectos de Kazuyo Sejima têm essa facilidade: transformam-se rapidamente em objectos de culto. Aconteceu em Nova Iorque (com o New Museum of Contemporary Art da Bowery) e em Tóquio (com a loja Christian Dior da Omotesando), mas também já aconteceu aqui perto, com a ampliação do Instituto Valenciano de Arte Moderna (a nova pele do edifício estará pronta em 2011).
Agora vai acontecer a dois quilómetros do Porto, com um projecto que quer fazer muitas coisas pela zona envolvente (pretende-se que promova a requalificação urbana e arquitectónica daquele quarteirão da Senhora da Hora, contribuindo para a estruturação de uma antiga zona industrial que começa a transformar-se agora num bairro residencial e de serviços), pelo ambiente (o novo edifício deve preocupar-se com a redução do consumo de energia e o tratamento e escoamento sustentáveis dos resíduos sólidos) e pela criação de emprego qualificado através da aposta em serviços "de alto valor acrescentado" na área do inventário, da fotografia, do vídeo, da conservação e do restauro, da embalagem e da montagem de exposições.
Quaisquer que sejam as valências do edifício, pode acontecer o mesmo que com a Casa da Música de Rem Koolhaas: um efeito Guggenheim, ainda que a outra escala. "A Sanaa é a firma que todas as outras firmas [de arquitectura] que entrevistámos admiram. Em todos os ateliers onde estivemos havia livros da Sanaa nas prateleiras", disse Lisa Phillips, directora do New Museum, ao New York Times. (
Inês Nadais, 16.07.2008,, Publico)

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