um fôlego | Joaquim Castro Caldas


persegue-nos, do outro lado está sempre uma margem ávida, carente para nos atar de frente o curso ao seu fio de luz, um silêncio mordaz, uma película de água a doer nos passos, o chão híbrido e áspero, não sabemos de que matéria, volume, textura,mas vamos, vamos sempre, deixamos o ritmo apoderar-se do nosso corpo todo, é uma dança tribal, as cores e os traços acorrentam-se e libertam-nos, os gestos prendem-se aos textos como algas e largam-nos, vibram, soltam o dom musical, soletramos os sentidos aos arranques, as mãos de toda a gente passam por ali em torrente e liberdade, pode ser um ritual erudito mas inconsciente, não há tempo nem espaço a não ser intuitivos,animais talvez imaginados atravessam-se mas não interferem,tudo passa e desaparece, recomeça, a cada vez diferente, a voz sugere, o que está em movimento nunca recupera a fonte, a voz foge, aqui não há morte, a vida recomeça, há só uma energia quemuda de forma e mergulha, dá-se inteira como uma escrita, a fala

Joaquim Castro Caldas
Posted by Picasa

Nenhum comentário: