Proscénio
o poema é antes de tudo
um palco para gestos simples
eu rego as flores em Junho
***
O fogo, a cidade
às vezes
sobre as palavras pesa um dia luminoso, a clara
imprecisão do gesto
o corpo inclina-se para a água
do poema
a roupa estas mãos o torpor da casa
quando o silêncio a morna demorosa voz
se desfazem no ritmo entontecido
do mundo
caminho descalço sobre a página
olho uma outra vez
voltando-me para trás
o fogo, a cidade
Miguel-Manso, Quando escreve descalça-se
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