Ver Claro
Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar
Eugénio de Andrade
Estamos quase, quase a fechar um ciclo de dois anos e parece que foi ontem! Relembro, agora, o primeiro post:
“Este é o princípio da nossa viagem pela e com a literatura. Aqui vamos partilhar as nossas leituras, vamos descobrir e partilhar emoções, vamos envolver-nos nas paisagens, nas cores, nos gestos, nos sons que inspiraram as páginas de inúmeros textos que fazem parte da memória colectiva. Vamos voar e fazer um caminho nosso.”
A viagem ainda está no princípio, há ainda tanto para descobrir e conhecer. Espero ter ajudado a “abrir” algumas portas e a ler alguns mapas, mas a parte mais importante da viagem é aquela que vem aí: as cumplicidades textuais, as inquietações, o agasalho, o desconforto, o prazer da descoberta. E lembrem-se de "ver claro": o leitor tem de teimar e regressar "outra vez e outra vez e outra vez", pois "Toda a poesia é luminosa, até a mais obscura."
Paula Cruz
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