Duarte Ramirez projecta, constrói e experimenta todas as estruturas que suportam cada obra da artista, sua mulher
Conheceram-se na Escola Secundária António Arroio há 20 anos. Ambos queriam seguir Arquitectura e a emblemática escola de Lisboa era o melhor estágio para quem quisesse seguir um curso ligado a qualquer vertente artística. O convívio diário dentro e fora das salas de aula (ficaram na mesma turma) aproximou-os muito. Em pouco tempo tornaram-se namorados. A partilha de ideias, de projectos e processos criativos começou aí.
Duarte seguiu para a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa e licenciou-se em Arquitectura. Joana optou pelo IADE e posteriormente pelo Ar.Co. Mas nada mudou na sua relação pessoal e profissional. “Não consigo distinguir uma coisa da outra”, diz Duarte, hoje já na pele de marido de Joana Vasconcelos. “Mas sei que ela vai precisar de mim cada vez mais”, adianta, referindo-se à vocação da artista para realizar obras de grande escala com exposição pública.
De facto, o trabalho do arquitecto está presente em todos os grandes trabalhos da artista plástica. É um trabalho intenso, muito mais técnico do que a explosão criativa que caracteriza as obras de Joana, mas indispensável ao seu impacto. Quem imagina como se torna possível a concretização de peças como “Cinderela” (o sapato gigante de Joana), “Néctar” (a estrutura metálica ornamentada por garrafas de vinho que dá as boas-vindas ao visitantes do Museu Berardo), “Varina” (a colcha que cobriu a Ponte D. Luís, no Porto) ou “A Jóia do Tejo” (que decorou a Torre de Belém, em Lisboa)?
“Todos estes trabalhos seguem praticamente os mesmos trâmites que um concurso de arquitectura. Implicam desenhos técnicos e da especialidade, construção de maquetas, estudos de representação, fotomontagens... A muitos deles acresce ainda a componente mecânica ou eléctrica, outros necessitam de soluções mais próximas da engenharia, outros ainda vivem de trabalhos de serralharia”, explica o arquitecto.
É ele quem pensa e experimenta todas as estruturas que servem de apoio às obras, calcula e testa o peso da peça e desenvolve o melhor mecanismo para a construir e colocar no local escolhido pela artista. A escolha dos materiais a utilizar em cada estrutura de base é mais uma tarefa de Duarte.
Mas há mais. “Quando o trabalho implica autorizações e licenças de várias entidades, é preciso alguém que o sustente tecnicamente em cada reunião”, diz. “Para conseguirmos colocar a toalha de croché na Ponte D. Luís, por exemplo, foi preciso discutir os pormenores com as autarquias do Porto e de Gaia, o Metro do Porto, a Rodoviária, a PSP, o Porto de Leixões...” O sapato obrigou a grandes opções ao nível da escala, da aproximação e da forma de o manter seguro ao solo.
“Mas, de facto, a grande ajuda que dou à Joana é na lida da casa!”, termina Duarte a sorrir.
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