Jorge Fallorca


"Também conheço um poeta exilado num condomínio de metáforas. Rodeou-se de palavras que cultiva em cadernos e guardanapos de papel, com a dedicação e paciência de um jardineiro cego.

Ninguém se atreve a dizer-lhe que nem as piteiras sobrevivem na aridez desse jardim meticulosamente escrito, onde passa horas infindáveis a podar o vazio e a regar o silêncio que brota das suas páginas inéditas.

E, no dia em que morrer, uma duna será tudo o que restará da sua obra, que o vento e o tempo se encarregarão de aliviar do jugo das metáforas."

Jorge Fallorca (in Telhados de Vidro, n.º11, pg. 46)

Nenhum comentário: