Revisões da Matéria dada # 3 [Literatura Portuguesa]

Apresente as suas impressões de leitura sobre uma das seguintes peças de teatro:
Gil Vicente – Inês Pereira ou Lusitânia ou Dom Duardos;
António José da Silva – Guerras do Alecrim e Manjerona;
Almeida Garrett – Um Auto de Gil Vicente ou O Alfageme de Santarém;
Raul Brandão – O Gebo e a Sombra ou O Doido e a Morte;
José Cardoso Pires – O Render dos Heróis.
Redija um texto bem estruturado, de cem a duzentas palavras.
Comece por identificar, na folha de respostas, o nome do autor e o título da obra por si seleccionada.


Farsa Inês Pereira, de Gil Vicente

Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, dito pai do teatro português, datada do séc. XVI versa sobre as relações amorosas e sobre a forma como a mulher é, ou melhor, era, tratada. Neste texto dramático, Gil Vicente criou um enredo onde a mulher assume um papel preponderante.
Na corte duvidava-se da originalidade de suas obras, por isso, e a fim de provar que merecia a fama que tinha, desenvolveu uma intriga a partir do mote popular “Antes asno que me leve, que cavalo que me derrube”. É com base neste dito que é contada a história de Inês Pereira, rapariga idealista, sonhadora que, depois de ver os seus sonhos desfeitos, adopta uma postura mais pragmática na vida.
A novidade desta peça, em nosso entender, prende-se com o facto de a mulher ser apresentada como emancipada. Inês escolhe o seu destino, sem dar ouvidos à mãe, voz da razão, nem à alcoviteira. Porém, mesmo depois do casamento se ter tornado uma decepção, volta a arriscar. No entanto, desta vez Inês não se deixa ludibriar e, para não ser enganada, escolhe um marido “asno”. Consideramos que Gil Vicente ousou, ao não penalizar Inês Pereira pelos seus actos, afinal a sua conduta imprópria foi recompensada e ilustrada pelo provérbio: “Antes asno que me leve, que cavalo que me derrube”. Assim, esta pérola vicentina pode ser considerada uma obra feminista avant la lettre. 

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