Diário de um Louco, de Gogol
Como em todos os seus contos, predomina também aqui uma mistura de real e de fantasia. Enquanto leitora, este conto trouxe-me alguma "amargura" por estar a assistir ao sofrimento da personagem. Trata-se de uma história escrita na primeira pessoa, uma vez que é um diário, e onde assistimos ao delírio e fragmentação da identidade do personagem principal.
"Como tem a forma de diário, este é o único livro de ficção do autor escrito na primeira pessoa. O herói, o eterno funcionário miserável de Gógol, assume em Diário de Um Louco, apesar e, talvez, por causa do delírio psicótico em que se refugia, contornos muito humanos e comoventes. Como sempre, a arte gogoliana de misturar o real e o fantástico, o normal e o patológico, o razoável e o delírio, imperam em Diário de Um Louco, a ponto de o leitor se sentir desconfortavelmente a assistir ao sofrimento de um ser humano a quem a identidade se vai estilhaçando com a rapidez e a intensidade de um pequeno conto."
(excerto da introdução, Filipe Guerra)
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