V
fecha os olhos
e se a luz é tanta
que te verga sobre ti próprio
mastiga a lâmpada
XII
entra e pede
fósforos
cigarros
canetas
um bloco para escrever
nada
que te demova
XIII
abre a janela e sopra
do parapeito o sangue para entrar
a luz
XIV
enche os ouvidos
com areia e calca
até doer
alguém um dia
escreverá
sobre ti uma frase
José Ricardo Nunes
(Na Linha Divisória, Campo das Letras, 2000)
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