Ainda antes do Orpheu: A Exposição de Humoristas e Modernistas.

(Emmérico Nunes)

Exposição de Humoristas e Modernistas

"O século XIX passou para o XX os seus valores naturalistas e será contra eles que os anos de 900 se definirão logo na primeira década - mas mais tarde em Portugal, a uma dezena de anos de distãncia, em 1915. Em 1910, uma mudança de regime institucional teve mínimas consequências culturais, dentro duma mentalidade que, no domínio artístico, continuava a eleger Malhoa como representante do seu gosto naturalista e sentimentalmente viver, em monarquia ou república.
[...] Foi assim que, em Março de 1911, oito jovens pintores que estudavam em Paris, sete portugueses [M. Bentes, E. Viana, Emmérico Nunes, Alberto Cardoso, Francisco Smith, Domingos Rebelo e F. Álvares Cabral] e um brasileiro (R. COlin), trouxeram a Lisboa uma "exposição livre" de cerca de cento e trinta óleos, «pochades» e caricaturas. [...]
Caminhando numa «rotina atrasada» e produzindo coisas «medíocres», a boa vontade destes jovens emigrados não chegava para invalidar a crítica que por estas palavras outrooemigrado lhes fazia: Amadeo de Souza-Cardoso, que partira também para Paris em 1906 e que com eles mal acamaradava, esperando outra coisa da prática parisiense. [...] A emigração era então uma constante da vida artística portuguesa, temperada por bolsas oficiais que não cobriam as necessidades de todos os que se sentiam reagir contra as restrições do ensino académico de Lisboa e do Porto, e que velhos sonhos românticos animavam ainda. Paris era o seu horizonte fatal, e valia bem todos os sacrifícios. De lá viria a salvação possível da arte nacional, em que poucos, aliás, acreditavam, conhecendo como conheciam o ambiente de que fugiam e que, ao regresso, os esperava. [...] Em Maio de 1912 inaugurou-se em Lisboa a I Exposição de Humoristas Portugueses. [...] [Em 1915, no Porto, surge o termo modernistas] no título de uma Exposição de Humoristas e Modernistas. Assim se realizava a junção se duas situações mentais, confundidas num gosto comum, sensível e, sobretudo, mundano. Com efeito, para os organizadores da exposição portuense de Maio de 1915, tratava-se de «uma festa de arte e de mundanismo», e a arte dos modernistas tinha «requintes de graça e de capricho» José Augusto França, in O Modernismo na Arte Portuguesa

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