Imagens que passais pela retina
Dos meus olhos, porque não vos fixais?
Que passais como a água cristalina
Por uma fonte para nunca mais!...
Ou para o lago escuro onde termina
Vosso curso, silente de juncais,
E o vago medo angustioso domina,
- porque ides sem mim, não me levais?
Sem vós o que são os meus olhos abertos?
- O espelho inútil, meus olhos pagãos!
Aridez de sucessivos desertos...
Fica sequer, sombra das minhas mãos,
Flexão casual de meus dedos incertos,
- Estranha sombra em movimentos vãos.
Camilo Pessanha
Vagas
Imagens que passais pela retina
dos meus olhos por que vos fixais?
Acumuladas como sucessivas
vagas cativas sob o céu das praias
Vós encheis ao morrer a minha vida
presente onde já nada vos chamava
porque a vida suprime-vos e cria
sucessivas imagens das imagens
Este céu que revela as ondas frias
Sob a sua cratera separando-se
Exaustas
Como as folhas do livro da linguagem
No passado presente cresce oscila
E reconduz aos olhos as imagens
Gastão Cruz
Imagens que passais pela retina
dos meus olhos por que vos fixais?
Acumuladas como sucessivas
vagas cativas sob o céu das praias
Vós encheis ao morrer a minha vida
presente onde já nada vos chamava
porque a vida suprime-vos e cria
sucessivas imagens das imagens
Este céu que revela as ondas frias
Sob a sua cratera separando-se
Exaustas
Como as folhas do livro da linguagem
No passado presente cresce oscila
E reconduz aos olhos as imagens
Gastão Cruz
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