CAMÕES (revisões)


Camões é não só considerado o maior lírico português, mas também um dos maiores líricos de todos os tempos . Na sua lírica coexiste a tradição poética nacional e a novidade do estilo novo renascentista . Por outras palavras, Camões assume a nova poética clássica com moderação sem romper com a velha tradição lírica galaico- portuguesa. Na sua poesia coexistem, pois os velhos e os novos géneros, os velhos e os novos metros, as novas e as velhas convenções literárias. Como tal, destacam- se no seu lirismo duas correntes poéticas :

- a Tradicional (Medida Velha) já cultivada no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende (cantigas, vilancetes, esparsas e trovas ), com versos de 5 ou 7 sílabas. São normalmente poemas de circunstância, por vezes convencionais e engenhosos;

- a Clássica (Medida Nova) de origem italiana introduzida por Sá de Miranda. Esta inovação trouxe o decassílabo e abriu as portas ao Soneto, à Canção à Ode, etc.

Características da corrente tradicional


- As formas poéticas tradicionais: cantigas, vilancetes, esparsas, endechas, trovas...

- Uso da medida velha: redondilha menor e maior.

- Temas tradicionais e populares; a menina que vai à fonte; o verde dos campos e dos olhos; o amor simples e natural; a saudade e o sofrimento; a dor e a mágoa; o ambiente cortesão com as suas “cousas de folgar” e as futilidades; a exaltação da beleza de uma mulher de condição servil, de olhos pretos e tez morena (a “Bárbara, escrava”); a infelicidade presente e a felicidade passada.


Características da corrente renascentista

- O estilo novo: soneto, canção, écloga, ode, entre outros.

- Medida nova: decassílabos.

- O amor surge, à maneira petrarquista, como fonte de contradições, entre a vida e a morte, a água e o fogo, a esperança e o desengano;

- A concepção da mulher, outro tema essencial da lírica camoniana, em íntima ligação com a temática amorosa e com o tratamento dado à Natureza (“locus amenus”), oscila igualmente entre o pólo platónico (ideal de beleza física, espelho da beleza interior), representado pelo modelo de Laura e o modelo

renascentista de Vénus.


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