Poema sobre o ódio à vida
para o zeca afonso
Havia um sapato de cristal no meio das escadas, era
certo que uma futura princesa ali o passara. um príncipe
triste, acompanhado de seus pajens, recolheu o
delicado objecto e suspirou, antevendo um amor eterno,
o coração acelerado, o príncipe tornou-se muito ansioso e
mais ansioso à medida da espera. e esperou demasiado,
enquanto todos os seus esforços falhavam o encontro
com a futura princesa. um dia, estava quieto em seus
aposentos quando súbito lhe anunciaram a bela moça.
entrando de cautelo no rico palácio, vinha já coberta
de ouro e luzia como luz que aumentasse. foi quando
lhe perguntou o pretendente, quereis casar comigo,
um príncipe triste. e a moça respondeu, perdi o sapato
sem querer, sou contra o amor, prefiro odiar todas as
coisas, ser fútil, promíscua. o príncipe ordenou que
deixassem todos os seus aposentos e ponderou o
suicídio. fechou as janelas, como num luto e, no dia
que veio, começou por inventar as leis mais justas e
mandar que oferecessem moedas aos pobres.
valter hugo mãe
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