«De uma galeria de figuras marginais que se encontram de passagem no seu percurso infindável, de uma colecção de refugiados cujo olhar está sempre à espera de um Verão que nunca chega, surge-nos um palhaço indigente que se ergue contra o mundo, “como se um bicho de esgoto criasse asas e se pusesse a voar”. Passados vinte anos, o Teatro O Bando regressa às palavras de Raul Brandão (1867-1930) e à música de José Mário Branco, mas a este gesto dificilmente poderíamos chamar reposição, porque no caso concreto destes incansáveis alquimistas, uma nova paisagem cénica e uma nova visão dramatúrgica implicam necessariamente outras formas de organização e percepção. A Morte do Palhaço que co-produzimos e apresentamos no claustro do Mosteiro de São Bento da Vitória é um espectáculo onde a luta quotidiana se aproxima dos sonhos, ainda que para tal tenha de sacrificar a realidade. Um espectáculo que procura derrubar portas invencíveis, portas que não se abrem, que não se vergam e que só cedem sob o peso de uma vida, pois sempre morre alguém para que a humanidade dê um novo passo. Passados vinte anos, João Brites regressa inquieto aos mesmos pontos de interrogação: “Quais são os nossos sonhos e quimeras? E que força precisamos para os atingir? E quem são os nossos pares nesta luta?”» daqui
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